Açucena

Açucena

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Sonho de Sertanejo (Maria G. Ibanhes


Era de chuva o seu olhar
Mirando o azul infinito
Nuvens vazias no céu
Sol na imensidão
E só era ele
Naquele instante
De luz e tormento
Pastorando as cercanias
Oitivando o seu sertão
Olhar sobranceiro
Vislumbrava sonhos
Que se concretizassem
Na laje de pedra
Que esverdeassem
Os tons amarelo-alaranjados
Da caatinga
Cantiga de sertanejo
Pede chuva e fartura
Sonho, então, é oásis
É água banhando a terra
Lavando a alma
Irrigando as securas
E o verde a sorrir
Nas picadinhas
Nas travessias
Rio corrente - mar de alegrias
Criações saltitantes
Mugido feliz
Dos boizinhos no pasto
As catingueiras bailarinas
Dançando no ar
É querer muito, meu Deus?
A realidade é seca
E espinhosa como os cactos
Que o rodeiam
Triste como o olhar
Dos bichos com fome
Venenosa como a cascavel
Sorrateira
Que sinuosa passa pelos pedregulhos
Ele não quer perder a esperança
Nem blasfemar contra o Criador
Tem os filhos e a mulher
Morena faceira
Cheirosa como uma flor
Precisa ter fé
E salvar a fé dos outros
Vai chover
E o sertão há de florar
Era o que queria acreditar seus olhos




Nenhum comentário:

Postar um comentário