Açucena

Açucena

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Mata Branca (Maria Gonçalves Ibanhes)


Na caatinga
No ermo das horas vagas
Ao anoitecer caloroso
Uma brisa morna
Acaricia-me a pele
E cochicha ao ouvido
Lembranças árduas
Sopra  
Memórias hostis
Como uma touceira
De alastrado
Ao longe, mato a dentro
Uma coruja pia
O meu cabelo arrepia
Eu só queria ser
Chuva e terra molhada
Talvez a memória adocicasse
Talvez eu me lembrasse
De tentar esquecer
As fatalidades do destino
Aceitar os descaminhos
Não ser um cacto sozinho
Na imensidão da caatinga
A vida, tantas vezes, me fez
Virar deserto
Me confundo com o sertão
Mas fora os meus espinhos
Cercada da mata branca
Há em mim um oásis
Tem gente que o encontra
De vez em quando...






Nenhum comentário:

Postar um comentário