De vivos, só há
Eu e aquela caçimba
No meio daquele rio sem fim
Seco, arenoso e morto
O resto são ossadas de bichos
E no infinito, nenhuma promessa
O excesso de luz promete trevas
A água da caçimba
é salobra
De verde, só existem meus olhos
E minha
esperança
De seguir “rio
abaixo”
E encontrar o
mar
Mas o mar não é solução
Que dissolve angústias de sertanejo
No coração aquele aperto
De quem sabe
que o fim virá
Mas do fundo da alma
Nasce uma oração
E se não é
miragem
Fotografada pelo meu olhar
Miro uma
revoada de asas brancas
Voltando para o sertão
Talvez a chuva venha
E minhas lágrimas também
Molhando as securas da terra e dos amores perdidos.