Açucena

Açucena

quarta-feira, 2 de março de 2016

Além do infinito do meu olhar... (Maria Gonçalves Ibanhes)




Não queira radiografar

Minha alma

Meus olhos não dizem

Mais do que um profundo

E drástico não-dizer

Talvez em cada raio da íris

Se esconda um rio

Um sentimento

Sabe-se lá...

Nem eu sei

Todas as provações das negras nuvens

Por ali se aprofundaram

De modo que a superfície

Nada pode revelar

As alegrias transbordantes

E as serenas perpassam

O infinito do meu olhar

Mas não podem conter

O fluxo de mistério

Entrecortado de crepúsculos

E alvoradas

Não tente entrar nesse poço

Ele apenas te revelará abismos

E labirintos

Não tente decifrar o enigma

Há só, quase visível

Um lance de dados

Mas se jogares

Poderás entrar num torvelinho

Tempestade é coisa certa...