Açucena

Açucena

sábado, 24 de maio de 2014

Um blues no deserto (By: Mary Ibanhes)


Em mim, o deserto
Todos os desertos
Sem  previsão de chuva
De palavras soltas, muito menos de poemas!
Talvez chuvisque palavras cactos
Espinhosas e sem delicadeza
E no meio das dunas
Surjam  versos  de dor
Poesia também se faz com
Almas e corações esfacelados
Entre uma rima e outra
Sempre nasce uma flor.
E o vento arenoso
Sopra um blues manhoso
A chorar o amor
Que não posso ter.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Advertência poética (by Mary Ibanhes)



O que escrevo não se escreve
É só canto pra ninar
Passarinho
É só música pra borboleta
Dançar
É só verso pra amainar
A seca
É só dança pra nuvem
Chover  
É só história de trancoso pra calango
Dormir
É só prosa pra vaqueiro
Sonhar
O que escrevo não tem licença de
Verdade
O que escrevo não traduz
Sentimentos
O que escrevo tem parentesco
Com sonhos e paisagens
E é só! 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

História de Maria pescadora (By Mary Ibanhes)


Era nas barrancas dos rios
Que ela pescava sonhos
Cada peixe cintilava uma promessa
Daquele mundo intuído
Em pensamentos voadores
A solidão era sopro de vento
E pássaros cantando nas copas das árvores
Ela murmurava pra outra
No espelho d’água:
Minha vida é pescar, pescar, pescar
E a outra de si
Repetia: pescar, pescar, pescar
Num eco que descia a correnteza
Até alcançar o mar..
Se eu fosse um peixe, pensava
Chegaria ao mundo de lá...
Mas, um dia, Maria se encanta com livros
E, pescando palavras, descobre
Todos os mundos que há...