Açucena

Açucena

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Cantiga da moça da roça (Maria Ibanhes)





Ah, se eu fosse rica
Não usava chita
Fazia fita
Com laço de fita
Usava vestido de seda
E passava batom carmim
Ah, se eu fosse rica
Me vestia em bordados
Usava calçados
De couro e cetim
Ah, se eu fosse bonita
Ganhava canções líricas
Do moço apanhado
Que passa ao meu lado
E nem me vê sorrir...
Ah, se eu fosse rica
                                                 Dançava um bailado
                                                 No meio do roçado
                                                 Com asas da cor do marfim
                                                 Ah, se eu fosse rica
                                                 Ia para a cidade
                                                 Comprava a felicidade
                                                 E plantava um jardim...
                                                 Mas o meu pai me disse
                                                 Que tudo é bobice 
                                                  E dinheiro não compra
                                                  Um amor sem fim
                                                  Disse que eu sou mais bonita
                                                  Do que a rosa vermelha
                                                  Beijada por abelhas
                                                  Ornando rico varandim.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Vinho tinto (Maria Ibanhes)


... Noite...
Vinho tinto
Pintando lábios e faces
Rubores!
Na boca sabores
Amor  sem pudores
Desejo sem fim...

sábado, 30 de novembro de 2013

Voo pro nada (Maria Ibanhes)


Deixa, deixa-me passarinhar
Perdida nas nuvens
Lugar de poeta é bem longe do chão
Tenho pés flutuantes e asas
No coração
Fujo da feiura do mundo
E faço bordados com a imaginação
Deixa, deixa-me escavar a terra
Suspensa por teias e desminhocar
O bonito enterrado no solo
Meus voares têm acompanhamento de borboletas
E tocam o infinito
Mas, no mar, também dou minhas rasantes
Troco canções com peixes
Cinzas e coloridos
Se você quiser, tente ser passarinho
E vamos desbravar os deslimites do nada!
Eu tenho coleções de asas para voar... 



 Mulher Pássaro. Fabelo - Desenho. Nanquim sobre papel ([s.d.

sábado, 2 de novembro de 2013

Solidão (Mary Ibanhes)


Ele lá, eu aqui
E a vida voa
Ele e eu à toa
Invés de estarmos ali
Aqui, lá
Ou acolá...
JUNTOS!

domingo, 27 de outubro de 2013

Pensamento beija-flor (By Mary Ibanhes)

 A floresta verdinha corria pela janela
Misturando o verde dela
No meu olhar oliva outonal
Meu pensamento passarinheiro
Te trazia
Num resgate bem ligeiro
E fazia
Do mundo inteiro
Uma clareira em festa
Saudava os deuses da floresta
E pedia permissão
Pra viver o nosso amor
A la Eva e Adão...
Um eterno paraíso, no paraíso, no paraíso...

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Querubim no deserto (By: Mary Ibanhes)


Antes da aridez desse deserto
Que me devora
Eu me componho em versos
Duros, como  o ferro,  e brancos
Como a página em branco que desafia
A abstinência do poeta e o conduz ao
Labirinto infinito de sua loucura.
Eu que sou quase nômade
Nesta solidão pirografada 
Em meu corpo.
Mas em meu coração existe um oásis
Onde vive minha natureza felina
Nem sempre feroz
Tantas vezes querubina.


Poster de Zazzle



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Des-primaverou... (By Mary Ibanhes)

Des-primaverou... (By Mary Ibanhes)          

Nada tinha graça, naquela manhã ensolarada e quase primaveril!
Logo eu que tanto amo a primavera... O mundo parecia escuro.
Ou era meu coração comprimido que a tudo me fazia enxergar cinza e triste...
E eu tropeçava nas lágrimas, andando rapidamente – Queria fugir!
Queria ter poderes divinais e fazer  milagres instantâneos!
Trocaria minha estação preferida e todas as minhas alegrias por tua felicidade.
Eu estava só e impotente! Se o amor tudo salvasse... Dizem que salva!
Esta é minha esperança! Mas enquanto o milagre não se derrama,
A dor perpassa as entrelinhas... Enxergue-a quem puder suportar.
E eu preciso transformar o inverno em primavera – Eis minha missão!


sábado, 24 de agosto de 2013

Solo pro meu amor (By: Mary Ibanhes, do livro "Cor-de-rosa e Carmim", de 2002)


Solo fértil fertiliza
Almas e corações
Em botões, em frutas
Palmares em doces
Estradas de amor
Respiro fundo, retrato
De amor alado
Renasço no olhos
Do meu amor
Rebusco raízes no
Solo, no colo
E choro. Recordo
Abraços nos laços
Nos lençóis, riacho
Que escoa buscando
Você. Re-nado
No rio, no lago
O solo, o riacho
As rosas, as frutas
Me lembram você, Renato.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

POR ACASO


O acaso do acaso
Somo nós
Que por acaso
Nos entregamos
Porque você olhou
Por acaso
E por acaso
Meu olhar encontrou o teu
E faíscas saltitaram vermelhas
Num vai-evem de cores magnéticas
Sem saída.
O fatal acaso foi inevitável
Teus olhos bandidos
Sequestraram os meus
Carentes
Medrosos
Aflitos.
Foi em acaso louco
Que por acaso
Virou caso de amor...
Não foges de ti, de mim
Faz de conta que queres
Pois nós somos o acaso do nosso caso. 

By: Mary Ibanhes

terça-feira, 23 de julho de 2013

Depois, você me fala do amanhã... Hoje, o jardim é nosso, os beija-flores, os sorrisos e essa mansidão em nosso olhar que, de repente, vira fogo! Hoje, nós somos todos os impossíveis e todas as desrazões... Hoje, nós somos um, até que o amanhã nos separe ou nos junte ainda mais... Hoje, temos todos os motivos para sermos o centro do universo e amarmos em todas as suas rotações... (Maria Ibanhes.)

terça-feira, 21 de maio de 2013

Voa, borboleta! (By: Mary Ibanhes)


Voa, voa, borboleta,
Por esse mundo sem fim,
Vai colorir outros mundos,
Visitar outros jardins...
Dá rasantes de alegria
Faz inveja aos querubins
Voa, voa, borboleta,
Que eu aqui fico a sorrir,
Fazendo versos imperfeitos
Vendo uma estrela cair...
Aguando aquelas roseiras
Que um dia te viu partir...
Voa, voa, borboleta,
Faz  o que tem que ser feito
O sonho só acabou
Pra quem não sonhou direito.
 
Foto de Roarmagne.

sábado, 18 de maio de 2013

Barquinho de papel (By: Mary Ibanhes)



Barquinho de papel (By: Mary Ibanhes)
                                                                      
Num barquinho de papel
Naveguei os sete mares
Vi a lua amanhecendo
E as estrelas alumiarem
Os olhos do meu amor
Me dando felicidade
Vi o sol anoitecer
Beijando as sete colinas
Vi  gaivotas desenharem
Sonhos lindos pelos ares
Num relance, beirando a eternidade
Vi a vida acontecendo
Me deixando à vontade
Te encontrei, lá em Olinda
Pra matar minha saudade...






sábado, 2 de março de 2013

Sou pedra (By: Maria G.)



O silêncio me congela
A quentura da tarde
Plasmou em mil desertos
E eu os vejo longínquos
Impenetráveis, áridos!
Meu coração também é um deserto
Nesse instante, em que me pergunto:
Por que as pessoas desertificam o amor?
Meus olhos querem chorar
Mas eles também são extensão de areia
As lágrimas, rio que corre num curso inverso,
Viraram dor no meu peito – PETRIFICARAM!
Eu sou pedra!
Até  teus olhos desfazerem o feitiço
E rosas brotarem no asfalto
Onde colombinas e pierrôs
São felizes para além do Carnaval
E o amor é o ideal do mundo!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

“Tudo para ti...” (Mary G.)


Foi para ti que, do nada,

Eu criei flores...

Da terra infértil, colhi sabores

Alimentei teus sonhos secretos

“Desfolhei mais que a chuva”

Porque pisei nas nuvens

E nelas. desfolhei o tempo e os raios de sol

Pra chuviscar cores de luz

Nas frações de segundos

Pingos de alegria em tua vida...

Eu fui além de mim pra te ser gigante...

Me recriei em mil astúcias...

Na esperança de te ser muitas,

Preenchendo todas as nossas existências

Todos os nossos desejos – para nos bastarmos!

E de ternuras, prazeres, bondades, carinhos,

 E muito amor teci nossa história...

Nesse enredo, não cabe o feio...

Eu me fiz parte de ti

Na fusão de nossos corpos

 E meu olhar interpenetrou o teu em busca da eternidade

Nada mais existe em mim além de ti

 E do brilho dos teus olhos.

Tua presença permanece em mim

Para além da noite escura... E seremos sempre um

Se assim quiseres – cúmplices

“Vivendo de uma só vida!”

 

sábado, 5 de janeiro de 2013

Um pesadelo (By: Mary G.)


A realidade emaranhou-se...

Mas eu conseguia distinguir

Vultos disformes...

Eram rostos solitários

De uma solidão provocada pela descrença...

Daqueles que pensavam ser amados

Mas algum ato desfez as chamas de seus olhos

Agora, turvos...

E eu lembrei que talvez estivesse em pesadelo...

É que o meu olhar tornou-se oblíquo

 e deixou de cruzar com o teu no meio da multidão...

Desde então, os sonhos ficaram em stand by

Esperando o sussurro da tua voz...

Com verdades que acabassem com o desassossego!