Açucena

Açucena

domingo, 9 de agosto de 2015

Saudade, papai! (Maria Gonçalves Ibanhes)


... Tinha um canto de amor
Que acariciava os dias
Havia esculturas de frutas
Que alimentavam as manhãs
Tinha um olhar de carinho
Que me dizia: te amo!
Tinha um abraço quentinho
Que espantava meus medos
Tinha histórias
Que me faziam sonhar
Tinha melodias
Que desenhavam o luar
Tinha um circo, um palhaço
E um mundo de cores
E você me mostrando
Como a vida pode ser divertida
Tinha uma roda gigante
Tinha um carrossel e a magia
Da sua mão guiando
As minhas acrobacias
Tinha um sorriso
Que brincava nos olhos
E me dizia: és linda!
Tinha um murmúrio
Me ensinando a rezar
“Santo anjo do Senhor...”
Tinha uma mão na minha mão
E passos lentos
Me levando à vida
Tinha você, curando minhas dores
Tinha você, cobrindo-me do frio
Tinha você, fazendo meu mingau
Preferido
Tinha você, salvando-me
Das fúrias, dos ventos e dos vendavais
E de repente, não tinha mais você
Nem seu canto, nem seus olhos, nem suas mãos
De repente, tinha um vazio!
Mas, tem em mim um tesouro:
Auto estima e todo o amor que você me deu
E ainda hoje pousa sobre mim
Um olhar esverdeando ternura





sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Agosto (Maria G. Ibanhes)


Ah, esses ventos invernais...
Inverno seco
E poeira no ar ...
Eu já nem me lembro
Do cheiro da chuva
Do ritmo da chuva
Pingando
Fazendo-me dançar
Sonhar
Pela Janela alcanço
Um Dali
É meu olhar
Derretendo cactos
E o relógio
Se fundiu à paisagem
O tempo parou
E eu já não sei quem sou
Talvez, por osmose
Seja um anjo surreal
Que te busca na desolação
Do deserto
Ou, talvez, seja, apenas
A persistência da memória
O sertão tem dessas miragens
E o anjo és tu
Que foste roubado
Da vida
Ficou somente
O “eco morfológico” do teu nome!