Açucena

Açucena

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O tempo não está para poesia... (Maria Gonçalves Ibanhes)


Queria falar de flores
De doçura e amores
Mas lá vem a vida...
Estraçalhando sonhos
Destruindo inocências
Quando pensei na ida
Tive que voltar
Havia em toda parte
Monstros bisonhos
A me espreitar
Sussurravam terríveis confidências
Acachapavam qualquer esperança
Anunciavam o fim da bonança
Eram de fogo e trevas
Os seus olhares
Alcançavam todos os lugares
Semeavam daninhas ervas
O solo, degradavam
As florestas, desflorestavam
Plantavam o caos
Enalteciam os maus
Desterravam a poesia
O amor, a paz, a alegria
Então eu fiquei só
Sem luz, sem sol
Sem jardim, sem paz, sem inspiração
Blecaute total na minha imaginação
Eu era só fantasma perdido
Na insensatez de um mundo árido



quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Epitáfio para o Brasil (Maria Gonçalves Ibanhes)


Entregue tudo o que é mais caro
Para mim
Para o meu irmão
Para o vizinho
Para a Nação
Para o futuro
Para o passado
Para o povo
Para o presente
Para o estado
Para o nosso coração
Seja o que for
Invente
Tente
Atormente
A minha mente
Você não convence
Desmonte tudo
Venda
Troque
Jogue na roleta
Jogue no lixo
Jogue no bicho
Enterre o que sobrou
Na lápide, o epitáfio:
Aqui jaz o Brasil
Que você, otário, sonhou!
Bye bye!

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Cismas do tempo... (Maria Gonçalves Ibanhes)


... E esse vento ... E esse tempo seco
... E esse tempo cinza...
Tempo estranho!
Melhor não ouvir o vento!
Não gosto do tempo assim...
O vento golpeando as janelas
Parece trazer um prenúncio
De algo que está por vir...
Meu olhar através da vidraça
Alcança infinitudes
E mistérios entrecortam o ar
Bailam por entre os vãos
Das soleiras e frestas
Percorrem a casa
Deixam as marcas
Do que não há
Tenho medo do tempo assim
Se ao menos chovesse
Trazendo promessas
De verdes de frutas de flores
Pro jardim e pomar
Se ao menos chovesse
E tirasse essa cisma
Que me habita e se deixa ficar...
 

Cismas do tempo... (Maria Gonçalves Ibanhes)


... E esse vento ... E esse tempo seco
... E esse tempo cinza...
Tempo estranho!
Melhor não ouvir o vento!
Não gosto do tempo assim...
O vento golpeando as janelas
Parece trazer um prenúncio
De algo que está por vir...
Meu olhar através da vidraça
Alcança infinitudes
E mistérios entrecortam o ar
Bailam por entre os vãos
Das soleiras e frestas
Percorrem a casa
Deixam as marcas
Do que não há
Tenho medo do tempo assim
Se ao menos chovesse
Trazendo promessas
De verdes de frutas de flores
Pro jardim e pomar
Se ao menos chovesse
E tirasse essa cisma
Que me habita e se deixa ficar...