Açucena

Açucena

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O tempo não está para poesia... (Maria Gonçalves Ibanhes)


Queria falar de flores
De doçura e amores
Mas lá vem a vida...
Estraçalhando sonhos
Destruindo inocências
Quando pensei na ida
Tive que voltar
Havia em toda parte
Monstros bisonhos
A me espreitar
Sussurravam terríveis confidências
Acachapavam qualquer esperança
Anunciavam o fim da bonança
Eram de fogo e trevas
Os seus olhares
Alcançavam todos os lugares
Semeavam daninhas ervas
O solo, degradavam
As florestas, desflorestavam
Plantavam o caos
Enalteciam os maus
Desterravam a poesia
O amor, a paz, a alegria
Então eu fiquei só
Sem luz, sem sol
Sem jardim, sem paz, sem inspiração
Blecaute total na minha imaginação
Eu era só fantasma perdido
Na insensatez de um mundo árido