Açucena

Açucena

terça-feira, 8 de março de 2016

O dia em que ela tornou-se Mulher... (Maria Gonçalves Ibanhes)



À todas as mulheres



Um dia, de súbito

Ela olhou-se no espelho e viu

Mais do que sua aparência física

Viu a imagem de quem ela é

Ela viu seus sentimentos

Seus pensamentos e opiniões

A respeito de tudo – da vida

Ela viu o seu corpo e alma marcados

Por séculos de dominação

Ela viu suas necessidades

Físicas

Mentais

Emocionais

Tantas vezes preteridas

Ela viu a matéria da qual é feita

Naquele instante revelador

Ela se cobriu de flores

E tatuou o seu corpo

Com suas próprias verdades

Abominou qualquer tipo de repressão

Pela primeira vez, sentiu-se dona de si

Senhora de sua vida

E foi naquele momento

Que ela jogou ao vento

Todas as humilhações

Todos os desamores

Todos os medos

Todos os dissabores

Todos os seculares mandamentos

Para uma mulher

Decidiu: eu farei meus próprios pecados

Eu não aceitarei menos do que eu mereço

E mereço muito

Não aceitarei em minha vida

Nada nem ninguém

Que desvirtue a minha essência

Serei eu

A comandar minhas vontades

A construir  meus caminhos

Foi assim, que desde então

Ela foi Feliz dentro de suas possibilidades

E porque não esperou mais

Nenhum um príncipe

Nem alimentou nenhuma expectativa

Que dependesse do “Outro”

E esqueceu que lhe ensinaram a depender

E refutou todas às violências

Contra a sua natureza

Apenas por isso – ou por tudo isso

Ela já sentiu-se imensamente feliz!

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