Eu que tinha atravessado
Todos os desertos
E visto o mar em sonhos
Alcançados com o desejo
Da alma
Um dia te vi
E o vermelho fogo
E alaranjado
Das terras quentes se dissiparam
E do meu olhar verde-cinza
Saltitaram chamas de luz
O sertão tinha virado mar
Mas eu ainda não sabia
Depois de ter visto os teus olhos
Acordei e a manhã florescia
A terra estava húmida
Com a humidade do meu corpo
Que já não era deserto nem só
Talvez eu tivesse morrido
E morrer era a melhor coisa do Mundo
Mas foi só tocares meus lábios
Percebi que estava em transe
Que os desertos ainda estavam
Em nossa volta
E o mar era só uma versão deles
Mas a diferença é que agora
Você estava ali
E se houvesse alguma travessia
Desértica ou marítima
Atravessaríamos segurando nossas mãos
Fitando o universo que habita
O olhar de cada um de nós
Universos particulares
Mas, ao mesmo tempo, tão cheios de intersecções
Um com o outro
Foram as intersecções
Que uniram mar e sertão
E são elas nossos elos
Para a eternidade
E são elas nossas fronteiras
E nosso apogeu
E são elas o nosso reverso
O nosso verso
A nossa vontade de continuar
Compartilhando as magias
Dos universos em nosso olhar
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