Açucena

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domingo, 9 de fevereiro de 2014

Flor Caatingueira (By Maria Ibanhes)


Ah, que atroz audácia!
Eu que tive de desentranhar
Da terra minhas raízes...
Prefiro a coroa de frade – flor espinhosa
Àquelas flores doentias:
Pálidas, desperfumadas, estéreis
Foi do deserto que extrai meu sumo
E foi lá, in loco, que rabisquei
Meus primeiros escritos, às vezes,  roubados!
Talvez meus versos destoem do resto do mundo
Sou inadequada para todas as insensibilidades
Talvez eles gritem impropérios
E soem secos tórridos tristes
Mas quando eles encontram eco
Nasce um oásis – chove
Na terra seca e devastada.
E eles assoviam para a “Asa branca” e acompanham a “Romaria”
O inverno pode chegar.
Agora, “escrevo em exílio, sem literatura.”
Mas a memória rastela todos os signos
E a luz vem e o dia raia um poema.
Quem disse que no deserto não se colhe flores?





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